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DE QUE SE SENTE FALTA DEPOIS DE 4 MESES DE VIAGEM?

De que que se sente falta após 4 meses? O que deixa mais saudades a cada um de nós? Sentimos falta das mesmas coisas?

Quando escrevemos isto comemorávamos 4 – quatro! – meses desde que saímos do aeroporto do Porto rumo a São Paulo. Quatro meses e oito países depois continuamos focados na principal razão que nos trouxe até aqui, neste caso até Guatapé, na Colômbia, conhecer o mundo, mas já sentimos saudades de algumas coisas. Decidimos que era o dia ideal para partilhar com quem segue a nossa viagem aquilo de que sentimos mais falta. Então, de que se sente falta nas viagens longas?

Em modo desafio, optámos por enumerar dez coisas, cinco para cada um, que não podem ser repetidas. Somos diferentes um do outro, temos tolerâncias diferentes ao stress e às contrariedades e sentimos saudades de coisas diferentes.

Raquel sente falta de:

  1. O GingubaClaro que tenho saudades da minha família, mas eles sabem que são amados e que não foi um adeus, mas sim um até já. Além disso, compreendem porque queremos os dois fazer esta viagem, fugindo do percurso tradicional. O nosso “yorky” não sabe. Apesar de estar feliz e bem cuidado (imagino como deve estar o pêlo, pois a minha mãe odeia causar sofrimento e reduz o pentear ao mínimo indispensável) fico sempre com medo que se sinta abandonado. Tenho de agradecer aos meus pais, ao meu irmão e à Carolina por cuidarem dele, sei que o adoram e ele também.
  2. Saltos altos. Agora que já falei no cachorro já posso entrar nas futilidades. Tenho plena noção de que é uma futilidade, mas agora até me sabia bem. Tenho saudades de me sentir toda pipoca. Até chego a sentir alguma inveja, sem maldade, quando vejo turistas que se podem dar ao luxo de viajar sempre com um ar impecável.
  3. Cozinha. Tenho saudades de ter uma cozinha em que confio. De abrir os armários e tirar um copo com toda a confiança, sem ter de pensar em lavar primeiro ou encontrar surpresas dentro, como sapos (já aconteceu!). Tenho saudades de ter um forno para poder fazer granola ou lasanha.
  4. Manicure e cabeleireiro. Podia ir a um salão ou a um centro de estética e gastar pouco ou muito, há espaços para todos os gostos, dos que nos transmitem confiança ou não. Não o faço por considerar um desperdício de dinheiro útil para viajar e porque decidi que depois de anos e anos a pintar o cabelo e a colocar verniz-gel, se calhar seria bom deixar o corpo com menos químicos. Mas, chateia-me ver os cabelos brancos e ter as unhas a estalar por tudo e por nada.
  5. Armário. Isto de ser nómada tem graça os primeiros dias quando se chega a um novo destino. Agora imaginem 4 meses a abrir mala, tirar bolsas, procurar o que se quer, em média de 3 em 3 dias. Às vezes, já nem abro a mala completamente. Se sei que fico só um dia, quando a preparo na cidade anterior, deixo em cima o que vou precisar e já está! Geralmente, ou o cabo do telemóvel foge para o fundo da mala, ou algo que afinal até preciso está inacessível e lá acabo por ter de abrir. Associado a isto tenho saudades de andar com ar apresentável, roupa passadinha a ferro, sem estar amarrotada.
sente falta

Tiago:

  1. A família. Apesar de já estarmos habituados a estar longe, nunca foi por tanto tempo e sem um plano imediato de regresso ou visita, o que muda totalmente o sentimento de saudade e vazio.
  2. Os amigos. Para quem nunca fez uma viagem longa, imaginem o que é passarem quatro meses sem estarem cara a cara com uma pessoa conhecida. Conhecemos muita gente durante o nosso percurso, é verdade, mas não é convivendo 3 dias ou mesmo uma semana com uma pessoa que se faz uma amizade. Acaba sempre por faltar conteúdo, os tópicos de conversa não fogem do habitual, falta conhecimento, falta histórico. Falta tudo aquilo que só os verdadeiros amigos conseguem trazer (quase aos quatro meses estivemos com um amigo, em Lima, e foi muito bom).
  3. Conduzir. A segurança e liberdade de ter um carro, o não depender de transportes públicos, o não ter de dormir em autocarros, ou mesmo não o conseguir por não confiar na condução do motorista. As saudades de ter sono numa auto-estrada portuguesa.
  4. O conforto. O aconchego e mordomias de casa, desde a pressão da água no chuveiro até a uma sala com sofá e televisão, passando pelo bom-gosto na decoração e (in)utilidade dos gadgets.
  5. O conhecido. Os típicos restaurantes e petiscos portugueses, o café, a saída à noite, o cinema em inglês legendado, os dias longos, assistir a um bom jogo de futebol com amigos, seja na televisão ou no estádio, praticar desportos de equipa, a competição.

Claro que podíamos ir mais a fundo e fazer uma lista de 50 ou 100 coisas, porque tudo falta quando não está disponível, e as pessoas só deixam saudades quando estão longe. As pessoas que conseguem viajar meses e meses sem ir a casa, quase sempre no mesmo continente, têm o nosso respeito, porque nós não somos assim. Somos aventureiros, mas sem esquecer de onde vimos, quem somos, o que deixamos para trás, sem esquecer que o nosso lar é estarmos juntos, onde for, mas casa é onde está a nossa âncora.

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